sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (CID F31)

*CID – Classificação Internacional de Doenças

Todos nós podemos passar por variações de humor. Problemas pessoais e/ou profissionais, stress ou até mesmo a famigerada tensão pré-menstrual podem causar alterações. Contudo, isso não significa que todos sofrem de TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (TAB) ou TRANSTORNO DE HUMOR BIPOLAR (THB).
É errada a idéia de que bipolaridade seria estar hiper contente pela manhã, triste à noite e com um sentimento médio à tarde. Tal idéia não traduz a bipolaridade. 
O TAB causa alterações incomuns no humor, de energia e capacidade de desempenhar funções, diferente das variações normais de humor que todas as pessoas têm. Contudo, é importante lembrar que o TAB é um transtorno de humor, mas não de afeto (isto é, a pessoa é capaz de ter sentimentos e desenvolver afetos normalmente, como qualquer outra pessoa)
Dados internacionais mostram que os transtornos afetivos afetam aproximadamente, 11,3% da população. Estas patologias (doenças) são as que mais levam a problemas com familiares e perdas sociais (como desemprego, falta de amigos e isolamento),
Os danos causados nos relacionamentos, performance ruim no trabalho e estudos são muito comuns, com 1/3 dos portadores  apresentando dificuldades (estudos apontam que o índice de desemprego entre portadores de TAB e duas vezes maior).
Os principais causadores destas dificuldades sãos: falta de acompanhamento médico freqüente e contínuo, falta de programas comunitários de apoio, falta de atividade ocupacional, ausência de apoio social de pessoas próximas e falta de centros (fora os hospitais) para atendê-los em momentos de crise.
O relacionamento familiar ruim é um dos principais causadores da hospitalização destas pessoas.
É muito importante o atendimento aos familiares e amigos, pois a falta de informação e apoio gera maiores desentendimentos. Grupos educacionais e/ou psicoterapia familiar são muito úteis neste caso, porém não existem muitos locais gratuitos onde estas famílias possam procurar apoio.


O QUE É TAB? QUAIS SÃO SUAS CARACTERISTICAS?

O TAB se caracteriza por alterações do humor, com episódios depressivos e maníacos ao longo da vida.
A Depressão é caracterizada principalmente por alterações do humor, da psicomotricidade (fala mais lenta, frases raras e curtas, lentidão ao dar resposta, baixo tom de voz, dificuldade de raciocínio, diminuição da energia e cansaço excessivo), da cognição (capacidade de avaliar as coisas a sua volta, aquisição de conhecimento) e das funções vegetativas (alterações do sono, do apetite e da função sexual).
Pode-se também apresentar dificuldades de concentração e pensamentos de cunho negativo, incapacidade de sentir alegria ou prazer, redução da energia, agitação psicomotora ou, ao contrário, lentificação, podendo ocorrer idéias de suicídio e/ou sintomas psicóticos (delírios, alucinações, linguagem ou comportamento desorganizado).
Profissionais com atividades acadêmicas ou intelectuais não conseguem mais executar suas tarefas quando deprimidos; as crianças diminuem o rendimento escolar por causa das dificuldades de raciocínio e concentração.
Só que nem sempre um episódio depressivo apresenta a “clássica tristeza”. Dependendo da personalidade da pessoa, ela não precisa necessariamente apresentar os sintomas de angústia, tristeza, vazio, desesperança, desânimo, enfim, o "baixo astral". No lugar disso, este quadro pode ser percebido indiretamente por sua expressão facial, pelo olhar triste, fixo e sem brilho, pelos ombros caídos e por uma notável tendência ao choro e hipersensibilidade sentimental. Pode ainda concentrar suas queixas em somatizações (quando o corpo apresenta sintomas causados por fatores emocionais), como dor de cabeça, dor de estômago, dor no peito, tonturas, etc.


A fase de Mania (ou euforia) também se caracterizada por alterações no humor, na cognição, na psicomotricidade e nas funções vegetativas, porém com características opostas àquelas alterações observadas na depressão, ou seja, o paciente apresenta humor exageradamente expansivo (chamado de elação), aceleração da psicomotricidade, maior irritabilidade, (podendo em alguns casos, tornar-se agressivo), aceleração no ritmo do pensamento, aumento de energia e pensamentos de grandiosidade que chegam a ser delirantes. Não é raro nesta fase os portadores TAB serem engraçados, divertidos e tornarem-se o centro das atenções por sua grande desenvoltura. Na fase de mania pode ocorrer ainda a negação da doença, e em consequência, o interrompimento do tratamento.
A pessoa com TAB ainda pode passar por um estado intermediário entre Depressão e Mania, chamado Hipomania. Esta é uma alteração de humor semelhante à mania , porem com menor intensidade e sem todas as características do episódio de mania. A pessoa se sente muito bem, com bastante energia. Normalmente a necessidade de sono diminui e a libido aumenta.
No DSM.IV* são classificados 2 tipos de TAB. O Tipo I, onde a maioria dos episódios de alteração do humor são do tipo euforia e o Tipo II, ao contrário, ou seja, a maiora dos episódios são depressivos.

Tipo I: Afeta apenas 1 % da população, é a forma mais intensa, com forte alteração do humor, por apresentar fases de mania plena. Apresenta toda a amplitude de variação do humor, do pico mais alto (mania plena), que pode durar várias semanas, até depressões graves. Em geral, inicia-se entre 15 e 30 anos, mas há casos de início mais tardio. É comum apresentar sintomas psicóticos, como delírios (pensamentos fora da realidade) ou alucinações (ouvir vozes que não existem, por exemplo). Se não for tratado, em geral prejudica enormemente o curso da vida do paciente. 

Tipo II: A alteração do humor  não é tão intensa quanto no tipo I, mas apresenta fases de hipomania (pequena mania) e depressão. Assim sendo, nesse tipo a fase maníaca é mais branda e curta, chamada de hipomania. Os sintomas são semelhantes, mas não prejudicam a pessoa de modo tão significativo. As depressões, por outro lado, podem ser profundas. Também pode iniciar na adolescência, com oscilação de humor, mas uma parte dos pacientes só expressa a fase depressiva ao redor dos 40 anos. Com freqüência, os sintomas de humor deixam de ser marcadame

Contudo, os pesquisadores estão ampliando os conceitos e os tipos da bipolaridade. Já se fala em Transtornos do Espectro Bipolar e, de acordo com abordagem mais recente, existem quatro tipos de transtorno bipolar, que se caracterizam basicamente pela intensidade em que ocorre a alteração do humor.

O tipo III é semelhante ao tipo II, porém o quadro de hipomania é desencadeado pelo uso de antidepressivos ou psicoestimulantes.  É uma classificação usada apenas quando a fase maníaca ou hipomaníaca é induzida por um antidepressivo ou psicoestimulante, ou seja, os pacientes fazem parte do espectro bipolar, mas o pólo positivo só é descoberto pelo uso destas drogas. Sem o antidepressivo, em geral manifestam características do temperamento hipertímico ou ciclotímico. Como regra, devem ser tratados como bipolares, mesmo que saiam do quadro maníaco com a retirada do antidepressivo.  
No TAB tipo IV a oscilação de humor é mais leve e o paciente é, geralmente, uma pessoa com temperamento mais determinado, dinâmico, empreendedor, extrovertido e expansivo, e que, esporadicamente, passa a ter o humor mais turbulento e depressivo na meia-idade. Esses pacientes nunca tiveram mania ou hipomania, mas têm uma história de humor um pouco mais vibrante, na faixa hipertímica, que freqüentemente gera vantagens. A fase depressiva pode só ocorrer em torno ou depois dos 50 anos e às vezes é de característica mista e oscilatória. 

Vários estudos indicam que a presença de bipolaridade é bem mais frequente entre artistas do que na população em geral. Essa tendência tem a ver com o espírito inovador e o temperamento emocionalmente intenso, curioso e empreendedor.


AUTOMUTILAÇÃO E SUICÍDIO:

Um humor deprimido e perda de interesse ou prazer são sintomas básicos do episódio depressivo. O portador do TAB ainda pode sentir-se triste, sem esperanças, "na fossa" ou inúteis. É comum a descrição de uma dor emocional extrema.
Nesta fase há um grande risco de automutilação. Trata-se de um comportamento auto-destrutivo (se machucar, se arranhar, se cortar, se queimar). Uma das justificativas mais comuns dadas pelos portadores para este ato, é a de que “a dor no corpo é melhor que a dor na alma".
Porém, contrariando o que se possa imaginar, estudos indicam que os  índices de suicídio são praticamente os mesmos tanto na fase depressiva quanto na fase de mania. O grupo de pacientes bipolares com risco mais elevado de suicídio são homens jovens, que estão em fase inicial da doença, especialmente aqueles que tenham feito uma tentativa prévia de suicídio, que abusam do álcool ou que saíram de alta hospitalar recente.
O risco para suicídio entre pacientes psiquiátricos em geral é de 3 a 12 vezes maior se comparado ao restante da população. O transtorno de humor é o dignóstico mais comumente associado ao suicídio, estando a frente, inclusive, de pacientes com transtornos depressivos. A estimativa é de que o índice de suicídio seja de 400 casos a cada 100 000 pacientes masculinos, e de 180 casos a cada 100 000 pacientes do sexo feminino.
Cerca de dois terços dos pacientes deprimidos pensam em se matar e 10 a 15% cometem suicídio, tendo uma taxa média de 12%. No caso dos portadores  de TAB, os índices  ficam  entre 12% e 19%. As conclusões foram  de que a taxa média de suicídio seria de 15%, cerca de 30 vezes maior do que na população geral.
Há maiores riscos também em portadores de TAB que têm estados mistos ou têm mania psicótica.

  
MAS O QUE CAUSA ESTE TRANSTORNO?

A causa ainda é desconhecida. No entando, algumas descrições detalhadas deste transtorno datam de 2500 atrás, quando termos como mania e melancolia (utilizandos ainda em nossos dias) já eram empregados.
Apesar de ser conhecida a séculos, o número de individuos portadores de TAB tem aumentado. Mas por que?
Uma das possibilidades é que alguns acontecimentos e atitudes podem precipitar a ocorrência de distúrbios de humor.
Atualmente vivenciamos maiores situações de stress, dormimos pouco e mal, consumimos substâncias lícitas (medicamentos para emagrecer e cafeína) e ilícitas que interferem no humor...
Ainda o período gestacional e pós-gestacional é uma fase em que é mais elevado o risco de surgirem quadros de depressão e euforia.
Uma das causas que aparentemente está mais relacionadas ao TAB é a hereditariedade, estando relacionada à presença de um conjunto de genes de suscetibilidade, os quais, ao sofrerem influência do meio, manifestam-se precipitando alterações necessárias para o surgimento da doença.
Estudos apontam para uma desregulagem nos níveis de serotonina (neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar) e noradrenalina (neurotransmissor que causa o estado de alerta), além dos já citados, fatores que podem influenciar ou precipitar o surgimento, como: parentes que apresentem esse problema (ou seja, fatores genéticos), traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida, etc. 

Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.
Os fatores ambientais associados ao TAB podem ser variados, tais como, sexo, etnia, complicações da gestação ou parto, nascimento em àrea urbana ou rural, padrão sócio-econômico, eventos estressantes de vida (morte de familiar, desemprego, divórcio e dificuldades financeiras), disfunção familiar, história de epilepsia, trauma cranioencefálico, esclerose múltipla, estado civil solteiro, etc. Ainda houve associação da TAB com mulheres nos três primeiros mêses pós-parto.




IDENTIFICAR O HUMOR NÃO É TAREFA FÁCIL...

A empolgação para comer a pizza no sábado à noite pode ser um sinal de variação de humor. Brigas com amigos e melancolia podem ser fortes indícios. Estes sinais não estão ligados a fatores externos. A pessoa que tem Bipolaridade mescla, de 8 a 80, desânimo, tristeza, ansiedade, falta de sono e de prazer, com euforia, agitação, agressividade, explosividade, aumento de riscos e gastos, impulsividade e distração, entre outros sintomas.
O bipolar quase nunca percebe quando está hiperagitado. Quando percebe, é comum recusar-se a aceitar o fato. Nem sempre os sintomas maníacos ou depressivos são bem claros. Até quem convive com um bipolar sente dificuldades em distinguir uma aflição comum de uma depressão, ou uma alegria de uma euforia.
A natureza e duração dos episódios varia muito de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em duração. Entre os episódios, é comum que passe por períodos de normalidade.
Saber se está ou não em surto, é uma dificuldade constante para o portador de TAB, bem como a seus familiares.
Até mesmo o diagnóstico da doença não é uma tarefa fácil, mesmo para profissionais experientes que acompanhem o paciente a um bom tempo. 


BIPOLARIDADE E A LIBIDO:

"(...)antes de aparecerem os sintomas da doença em mim, eu gostava pouco de sexo, mas fazia sempre que me dava vontade, mas agora mudou. Eu tomo os remédios certinho, mas não consigo segurar a onda. Perdi minha esposa, e fico sozinho direto, do jeito que eu gosto, devido à depressão que tenho, mas em certos momentos fico elétrico. Dá vontade de fazer sexo 10 vêzes ao dia!" (Depoimento de M.)
 
"Há alguns anos atrás, numa das fases, minha libido ficava lá em cima, e hoje eu sei que era por causa da doença, mas na época eu não sabia. Atualmente ela está normal; me sinto bem e feliz." (Depoimento de A.)

"Estamos nos beijando. Muito. Intensamente. Ele sugere sair dali. Topo imediatamente. Ele faz algumas perguntas para mim mas nem presto a atenção. Coisas sobre eu ou ele não tem a mínima importância para mim. Quero apenas seu corpo, sua transpiração, sua virilidade. Em segundos estou no motel nos seus braços. Faço sexo até ficar exausta e vou embora de maneira tão fugaz quanto cheguei. Sinto que mesmo tentando transparecer uma certa naturalidade ele não entende absolutamente o que quero. Não vou me dar ao trabalho de explicar a ele que não quero nada além de sexo, que a vontade estava me consumindo nem eu sei por que." (Depoimento de S. no Blog BIPOLAR BRASIL, disponivel em http://www.bipolarbrasil.net/)

A alteração na libido é um sintoma vegetativo do TAB, como mencionado anteriormente. É comum na fase depressiva uma diminuição do interesse e desempenho sexual. Não são raros os  casos em que o casal é encaminhado indevidamente para aconselhamento conjugal ou terapia sexual, porque o transtorno depressivo subjacente não foi identificado.
É importante que o parceiro(a) tenha conhecimento da diminuição da libido comum nesta fase, para assim, apoiar o portador.
Já na fase de mania pode ocorrer um aumento na libido, podendo levar a pessoa a ter comportamento sexual de risco, o que aumentam as chances de contagio de doenças como Hepatite B, AIDS e outras DST´s (doenças sexualmente transmissíveis).
Alguns medicamentos utilizados no tratamento também podem causar diminuição da libído (como por exemplo, alguns antidepressivos).

BIPOLARIDADE E A VIDA PROFISSIONAL:

Ter transtorno bipolar não impede alguém de ter sucesso na carreira que escolhe.Uma pesquisa feita pelo Center for Psychiatric Rehabilitation, da Universidade de Boston, revelou que 73% de 500 profissionais ( incluindo enfermeiros, jornalistas, executivos, advogados e professores) diagnosticados previamente com séria doença psiquiátrica eram capazes de manter emprego nas ocupações escolhidas por eles ( Ellison & Russinova, 2001 ). Dos entrevistados na pesquisa,  62% trabalhavam na sua posição há mais de dois anos, e 69% aumentaram seus níveis de responsabilidade nos empregos. A maioria ( 84% ) estava tomando algum tipo de medicação psiquiátrica, e dois terços foram hospitalizados três ou mais vezes. 
Acima de tudo, muitos entrevistados disseram que retomar o trabalho foi importante para sua recuperação. No entanto, pessoas com transtorno bipolar enfrentam desafios significativos no local de trabalho. Alguns deles surgem do estigma do transtorno bipolar e da reação dos outros.Contudo, o maior desafio é encontrar um trabalho que seja satisfatório, e que também ajude a impedir a ciclagem de humor. É difícil equilibrar humores que flutuam drasticamente com uma vida de trabalho estável.Empregos que permitem esse equilíbrio são difíceis de encontrar, mas existem ou podem ser criados. Manter um humor estável é essencial para funcionar bem no trabalho. Essa é outra razão para tomar a medicação com regularidade. A chave é encontrar o equilíbrio certo de estabilidade na carga horária, níveis de estresse, níveis de estimulação e satisfação com o trabalho.

(FONTE : DAVID J. MIKLOWITZ, PHD)


EXISTE TRATAMENTO?

O tratamento adequado do TAB reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores. Geralmente inclui a prescrição médica de um ou mais estabilizadores do humor (carbonato de lítio, ácido valpróico/valproato de sódio/divalproato de sódio, lamotrigina, carbamazepina, oxcarbazepina), e antipsicóticos pode ser necessários para o controle de episódios de depressão e de mania (em especial os de segunda geração como risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol).
A terapia também é uma importante ferramenta no tratamento.
O apoio familiar também é muito importante na diminuição dos sintomas do  TAB, além de diminuir as chances de novas crises. 

COMO CONTROLAR:
  • Uso da medicação prescrita conforme recomendação médica (O uso da medicação é particularmente importante, porque é muito comum o paciente de bipolaridade interromper a terapia medicamentosa. A interrupção no uso do medicamento recomendado, via de regra, desencadeia novos episódios da conduta característica a essa condição: estados de depressão mais intensa e maior exaltação na euforia);
  • Acompanhamento médico e psicoterápico;
  •  Restrição ao uso de álcool, drogas e cafeína;
  • Sono de 7 a 9 horas por dia;
  • Exercício físico, principalmente aeróbico;
  • Boas relações afetivas, ter um bom grupo social, ter um confidente;
  • Artes, hobbies, esportes, meditação, animal de estimação, etc.
  • Alimentação saudável, incluindo alimentos ricos em Ômega 3 e ácidos graxos naturalmente encontrados em peixes (cozidos, assados ou grelhados) como: bacalhau, cavala, salmão, sardinha, arenque e também nas castanhas, nozes, vegetais com folhas verde escuro, linhaça, azeite de oliva, óleo de soja e óleo de canola (pesquisas afirmam que a ingestão de alimentos ricos em Ômega 3 e ácidos graxos diminuem o risco de depressão).
  • Trabalhar com o que gosta de fazer;
  • Primar pelo meio-termo e a ponderação nos momentos difíceis;
  • Fé e espiritualidade. 

SEU FILHO É BIPOLAR?

Não existem testes padronizados para transtorno bipolar, mas esta lista, adaptada do livro “The Bipolar Child”, pode ajudá-lo a reconhecer alguns sinais de alerta. Assinale os comportamentos que seu filho atualmente apresenta ou apresentou no passado. Se você assinalar mais de 20 itens, ele deveria ser examinado por um profissional da área.

Seu filho:

1- Fica aflito demais quando separado da família;

2- Demonstra ansiedade ou preocupação excessiva;

3- Tem dificuldade para levantar-se pela manhã;

4- Fica hiperativo e excitável à tarde;

5- Tem sono agitado ou dificuldade para conciliar o sono;

6- Tem terror noturno ou acorda muitas vezes no meio da noite;

7- Não consegue concentrar-se na escola;

8- Tem caligrafia pobre;

9- Tem dificuldade em organizar tarefas;

10- Tem dificuldade em fazer transições;

11- Reclama de sentir-se aborrecido;

12- Tem muitas ideias ao mesmo tempo;

13- É muito intuitivo ou muito criativo;

14- Distrai-se facilmente com estímulos externos;

15- Tem períodos em que fala excessiva e muito rapidamente;

16- É voluntarioso e recusa-se a ser subordinado;

17- Manifesta períodos de extrema hiperatividade;

18- Tem mudanças de humor bruscas e rápidas;

19- Tem estados de humor irritável;

20- Tem estados de humor vertiginosamente alegres ou tolos;

21- Tem ideias exageradas sobre si mesmo ou suas habilidades;

22- Exibe um comportamento sexual inapropriado;

23- Sente-se facilmente criticado ou rejeitado;

24- Tem pouca iniciativa;

25- Tem períodos de pouca energia, ou alheamento, ou se isola;

26- Tem períodos de dúvida sobre si mesmo ou de baixa estima;

27- Não tolera demoras ou atrasos;

28- Persegue obstinadamente suas próprias necessidades;

29- Discute com adultos ou é mandão;

30- Desafia ou se recusa a cumprir regras;

31- Culpa os outros por seus erros;

32- Enerva-se facilmente quando as pessoas impõem limites;

33- Mente para evitar as consequências de seus atos;

34- Tem acessos de raiva ou fúria explosivos e prolongados;

35- Tem destruído bens intencionalmente;

36- Insulta cruelmente com raiva;

37- Calmamente faz ameaças contra outros ou contra si mesmo;

38- Já fez claras ameaças de suicídio;

39- É fascinado por sangue ou coágulos;

40- Já viu ou ouviu alucinações.


    VIDEO:

    O video abaixo exibe uma reportagem sobre Bipolaridade.


    Bipolares Notáveis:
    Música: Axl Rose (vocalista do Guns n' Roses), Kurt Cobain (ex-vocalista do Nirvana), Elvis Presley, Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Thelonius Monk, Peter Tchaikovsky, Wolfgang Amadeus Mozart, Maria Callas, Sting.
    Cinema e TV: Francis Ford Coppola, Jean-Claude Van Damme, Cary Grant, Vivien Leigh,Carrie Fisher, Robin Williams, Jim Carrey, Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Cássia Kiss.
    Artes plásticas: Michelangelo, Georgia O´Keeffe, Paul Gauguin, Vincent van Gogh.
    Ciência: Platão, Isaac Newton, Buzz Aldrin (alguns afirmam  que ao pai da psicanálise, Sigmund Freud, era Bipolar).
    Política: Napoleão Bonaparte, Winston Churchill, Abraham Lincoln.
    Escritores Notáveis: Agatha Christie, Ernest Hemingway, Edgar Allan Poe, Graham Greene,Hans Christian Andersen, Honoré de Balzac, F. Scott Fitzgerald, Charles Dickens, Tennessee Williams, Emile Zola, Mark Twain, Fernando Pessoa, T. S. Eliot, Walt Whitman, Antero de Quental (suicida-se com 50 anos), Florbela Espanca (suicida-se com 37 anos), Victor Hugo (autor de Os Miseráveis), Tolstoi (escreveu Guerra e Paz), Virginia Woolf (suicidou-se com 26 anos, depois de uma vida atormentada pela doença) .
    SUGESTÃO DE FILME SOBRE O TEMA: 
    • Mr Jones (1993) com Richard Gere, Lena Olin e Anne Bancroft. 
     *O Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais é uma publicação da American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4ª edição conhecida pela designação “DSM-IV”.
    FONTES:
    1) Tucci MA, Corat S, Dalben I. Ajuste social em pacientes com transtorno afetivo
    bipolar, unipolar, distimia e depressão dupla. Rev Bras Psiquiatria 2001;23(2):79-87.
    Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v23n2/5581.pdf
    2) Site Qualidade de Vida. Transtorno Afetivo Bipolar. São Paulo; 2010. Disponível em http://www.sitemedico.com.br/sm/materias/index.php?mat=1368
    3)Site PsiqWeb. Depressão: Transtorno Afetivo Bipolar. São Paulo; 2005. Disponível em http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=367&sec=26
    4) Kaplan HI, Sadock BJ, Grebb JA. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento Humano e Psiquiatria Clinica. 7ª ed. São Paulo: Artmed, 2007. 1169 p. 5) Site WikiPédia. Transtorno Bipolar. Disponivel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_bipolar  6) Site Bipolar Brasil. Sintoma Bipolar, libido e sexo. Disponivel em: http://www.bipolarbrasil.net/2010/12/sintomas-bipolar.html  7) Site Bipolaridade. A Bipolaridade: O que é Bipolaridade? Disponivel em: http://www.bipolaridade.com.br/oque/oque.asp    8) Gentil Filho, V. Transtorno Bipolar / Distúrbio Bipolar. Dráuzio Varela.com. Disponivel em: http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/transtorno-bipolar/ Acesso em agosto de 2012.   (POSTAGEM CONJUNTA COM LETICIA LACERDA)

    domingo, 26 de dezembro de 2010

    APAIXONEI-ME !!!


    Apaixonei-me pela psiquiatria... 
    Como em toda a paixão, ela vem aos poucos...
    Não se "acorda apaixonado"! É como em um ritual. Um dia notamos uma coisa, em outro, admiramos outra, e quando vemos: "BUM" Santo DEUS, estou apaixonada!!!
    Descobri esta paixão durante estágios da faculdade (curso enfermagem). 
    Meu primeiro contato com estes pacientes foi por si só,  apaixonante: um rapaz muito jovem que havia passado por uma cirurgia devido a uma fratura no maxilar e que mal podia falar. 
    Alimentava-se por um canudinho, pois pouco podia abrir a boca. Mas seus olhos "falavam" (e como falavam!!!!). Foram os olhos mais "falantes" que já vi em toda a minha vida! 
    Eles falavam em amor sem interesse, em gratidão, pureza, carinho... Um verdadeiro turbilhão de mensagens positivas! Sua boca mal podia pronunciar uma palavra, mas seus olhos... 
    Após alimentá-lo com muita dificuldade , consegui compreender o que ele me disse sofrivelmente com os lábios semi-cerrados: 
    - "Obrigado, você é muito bondosa". 
    Mas como ele poderia afirmar com tanta certeza? Era o nosso primeiro contato! 
    Somente estas pessoas especiais entendem o que é isso: enxergar a alma humana de forma totalmente  despida de razão e preconceitos. Só eles sabem fazer isso; é um dom só deles... É um segredo que eles carregam e não compartilham com mais ninguém... 
    Em contrapartida, o segundo contato foi catastrófico! Quase apanhei de um paciente bipolar de 1,98 m e 113 kg. 
    No dia anterior havíamos ficado conversando por quase uma hora sobre enfermagem, futebol, politica... Ele contava tantas piadas sobre enfermeiras.. Para meu próprio espanto, eu não fiquei irritada (geralmente piadas sobre enfermeiras me deixam muito brava), pois ele fazia isso de forma tão leve e engraçada, que era impossivel não rir.
    Depois de um ótimo primeiro contato, no dia seguinte fui expulsa de seu quarto aos berros. 
    Pensava que a culpa era minha, que tinha feito ou dito algo de errado,  senti-me fracassada, idiota... Cheguei a questionar meu dom. 
    O alento para minhas angústias veio por meio de muito estudo. Li compêndios, textos, sites, tudo o que estava a mão, e então percebi que o problema não estava em mim.
    Tirei deste fato uma lição valiosa: aprender a respeitar o tempo e o espaço do outro, bem como o seu estado  emocional atual (mesmo que este tenha tido uma oscilação de 180º em um espaço mínimo de tempo). 
    Meu terceiro paciente de PQ era um idoso com esquizofrenia.
    Cuidei dele por dias (nossa, como me deu trabalho. Estava debilitado, fraco e cheio de úlceras por pressão pelo corpo).
    Na última vez que nos  vimos antes da minha mudança de hospital, ele estava tão agitado que foi necessário amarrá-lo às grades da cama. Aquela cena me chocou muito, e tudo o que eu mais queria era cortar aquelas  malditas amarras... Mas eu era apenas uma reles estagiária; não podia fazer isso.

    Antes de sair de seu quarto, após cuidados, tocar sua mão e dizer palavras de carinho, ele me olhou com os tais "olhos falantes". Em seguida, olhou pela janela ao lado. Era uma linda manhã ensolarada. Olhou novamente em meus olhos. Era como se aqueles olhos me dissessem: "Solte-me".
    Após, olhou para as faixas dizendo com os olhinhos: "As faixas estão me machucando!" Fixou mais uma vez os enormes olhos azuis em mim... Eles eram tão profundos e diziam tantas coisas..
    Fiquei atônita. Apenas me despedi e fui embora consternada. 
    No dia seguinte ele veio a falecer devido uma infecção generalizada.  
    Ainda hoje lembro-me daqueles belos olhos azuis. Pode soar como um sentimentalistmo idiota (sim, eu sou assumidamente uma sentimental idiota), mas acredito que jamais serei fitada de forma tão penetrante como   naquela ocasião. 
    Tenho total convicção de que ninguém jamais poderá nos ensinar tanto sobre humanidade quanto estas pessoas especiais e as crianças, e sei que ainda tenho muito a aprender...